
/_ ( ) \/ €, de Larry Carlson.
“Olha para mim e me ama.
Não: tu olhas para ti e te amas.
É o que está certo.”
Clarice Lispector
Quantas vezes não atraímos para nós um parceiro que pensamos que era nosso oposto e complementar? Quanto mais diferente eu pensava ser do outro que me atraía, mais similares eram nossas naturezas, de fato. Analisando e buscando ao fundo dos meus relacionamentos amorosos, todos os meus parceiros vieram mostrar-me uma parte minha que estava adormecida. Tanto as qualidade que mais me instigavam e eu admirava, quanto aquelas que mais apertavam meus botões e me faziam o sangue ferver, eram na verdade características minhas que precisavam de expressão. Enquanto eu buscava no outro a admiração, a qualidade estava ali dentro de mim – às vezes fora e por todos os lados! – pronta para ganhar mundo e criar vida no meu espaço pessoal, emocional, físico/afetivo, e até mesmo profissional.
Já apaixonei-me por ator, cineasta, musicista, escritor, empreendedor, viajante descobridor -para citar alguns exemplos -, e agradeço muito à todos esses queridos parceiros que possibilitaram que eu descobrisse qualidades minhas que estavam prontas para vir à tona. Com eles, descobri, por exemplo, que o dramático, as imagens, a música, as palavras, o empreendedorismo e o mundo moravam em mim. Também descobri muitas vezes que a raiva não expressada, a dificuldade na comunicação honesta, o orgulho, o ressentimento, a menos-valia, a vontade de vingança, o desequilíbrio emocional, o bloqueio emocional, a distância afetiva e outras qualidades que eu julgava ruins também faziam parte de mim. Reconhecendo essas partes minhas que eu ignorava, pude entendê-las com compaixão – ou pelo menos tentar e continuar tentando – e libertá-las; para que minha bagagem possa ser um pouco mais leve, e eu, consequentemente, mais livre e criativa.

Larry Carlson, 2014.
Nunca é fácil fazer uma análise objetiva das suas conquistas e pseudo-fracassos amorosos. Digo pseudo-fracassos, porque, verdadeiramente, não sinto que um relacionamento que termina é um relacionamento fracassado (podem acreditar que eu já tive que repetir isso para mim mesma diversas vezes até entender com a humildade do coração a verdade dessas palavras). O que existe, pelo menos para mim, é uma insistência do ego em querer dominar, controlar, subjugar e diminuir, e daí vem realmente o desapontamento, a desilusão e o sentimento de derrota. Nos relacionamentos em geral, fui descobrindo que as pessoas passam o tempo que precisam passar ao nosso lado. Algumas passam toda nossa jornada pela Terra (e às vezes além, mais além) nos dando força, nos ensinando e caminhando conosco; outras pessoas, porém, aparecem, deixam sua marca e lição e partem rumo às experiências necessárias à sua evolução própria, assim como nós. Somos todos os mestres uns dos outros, especialmente quando convivemos e criamos vínculos afetivos.
Nossas potencialidades estão todas aí para serem exploradas; então pensemos, se atraímos um parceiro dominador ou ciumento, por exemplo, que tipo de controle temos em nós, ou que controle não queremos ter e assim transferimos essa responsabilidade ao outro? Precisamos ser responsáveis por nossos sentimentos e estarmos mais em contato com nossa verdadeira essência para que assim, talvez, possamos ter relacionamentos mais verdadeiros, imbuídos de um sentimento de amizade, honestidade, humildade e parceria; porque é preciso muita humildade e honestidade para acessar o coração. Que possamos caminhar mais livres e felizes, reivindicando nossa essência mais criativa, profunda, pessoal e intransferível.
O Amor Conquista Tudo!!