
Imagem: Nebulosa do Amor, por Phil Plait.
Por que os relacionamentos podem nos trazer tanta alegria e nos machucar tanto ao mesmo tempo?
Convidada a responder essa questão, comecei a botar o sentimento para funcionar junto com a razão, eis que aparece a responsável por tudo, a Senhora Transformação.
Não existe verdadeira transformação sem contato profundo, e os relacionamentos trazem muito do nosso conteúdo adormecido através de outra pessoa. A dor tem sempre muitas lições a nos ensinar. Quem já sofreu por amor sabe da zona abissal que podemos alcançar. No entanto, essa dor tão profunda advém de um conteúdo bem mais antigo; talvez essa dor seja, na verdade, relacionada à dor original do seu nascimento como alma.
“Calma alma minha, calminha” …!
De acordo com alguns estudos nas áreas de ciência e espiritualidade, houve um tempo em que éramos inteiros, não existia separação. Não existia medo nem ansiedade, apenas uma sensação de completude, amor e benevolência. Éramos unos com Deus, pois éramos parte do amor maior. No entanto, existia um impulso de expansão e descobrimento. Uma parte dessa consciência cósmica queria explorar e evoluir, separando-se de “si mesma”. No entanto, uma vez separados da unidade, sentimos uma dor tão profunda que fez com que perdêssemos o contato com nossa sabedoria (Deus) interior. Não pensemos mais em Deus como aquela figura paternal que decide nossas vidas e programa nossos destinos, e sim como consciência cósmica. Sob esse ponto de vista, somos partículas divinas interconectadas em uma unidade de amor.

Imagem: Autor Desconhecido
Muitas vezes, em relacionamentos amorosos, tentamos forjar uma espécie de estado de união, como forma de recriar a experiência primordial do útero cósmico de completude, amor e aceitação. Por que dentro de nós ainda existe aquela criança chorando pela aceitação incondicional.
Relacionamentos baseados na manipulação (por uma ou ambas as partes), na co-dependência e na projeção sufocam as individualidades criativas dos parceiros, que acabam relacionando-se do lugar psicológico das crianças feridas que desejam amor e compreensão incondicional. Reivindicar seus sentimentos e tomar responsabilidade por sua felicidade e experiências é uma forma de evoluir no tempo e no espaço, e possibilita a expressão da criatividade individual da sua criança.
Só poderemos alcançar patamares de amor e alegria nos relacionamentos quando formos capazes de abraçarmos nossa individualidade, e não desistirmos dela na ilusão da fusão absoluta. Duas pessoas unidas em amor verdadeiro possuem dois campos de energia que podem funcionar independentes um do outro.
Quando formos capazes de enterdermos a nós mesmos como fontes próprias de amor e felicidade, poderemos lançar amor incondicional à cura da criança interior. Talvez então, seremos capazes de nos libertar de comportamentos co-dependentes e destrutivos nos relacionamentos, para realmente vivermos a união plena de amor conosco e com os outros.
Somos Yang e Yin. Expansão e retorno ao Lar. Masculino e Feminino. O equilíbrio e ação conjunta dessas energias nos possibilita vivenciar de forma harmônica a totalidade do nosso ser. A jornada do ser é longa, mas o caminho do aprendizado é muito belo e deve ser bem aproveitado. Que possamos deixar que nossa criança criativa ganhe mundo com a consciência de ser parte de uma bela e poderosa unidade cósmica de amor. Somos todos Um.
Compartilho uma música que adoro que fala da origem do amor: The Origin of Love, do filme “Hedwig: Rock, Amor e Traição”.